Símbolo da revolução que aconteceu no campo nos últimos 50 anos e que tornou o Brasil autossuficiente na produção de alimentos, o frango era sinônimo de economia, era a proteína do pobre, ao lado do ovo. Era, até pouco tempo atrás! Hoje, o frango é um dos vilões da inflação, como antecipou esta coluna com exclusividade na semana passada. Desde o dia 3 de janeiro, a carne congelada da ave acumula alta de 22,73% no atacado de SP. Os dados foram reunidos pelo Centro de Estudos em Economia Aplicada, vinculado à Escola de Agronomia da USP. Enquanto isso, a inflação oficial medida pelo IBGE deve fechar julho acumulando alta em torno de 6% no ano.
E a tendência é que o preço do frango continue subindo mais que a inflação nos próximos meses. E os motivos são diversos...
Com exportações recorde nos últimos três anos, o milho está tão caro que até pequenos sitiantes estão eliminando galinheiros de fundo de quintal, o que amplia a fome no campo e na periferia das cidades pequenas e médias.
E o Governo Bolsonaro faz força para que, ainda este ano, o Brasil passe a exportar milho também para a China. E isso reduzirá drasticamente a quantidade de grão disponível no País...
Outro fator que deverá impulsionar os preços do frango neste final de ano é a maior epidemia de gripe aviária de todos os tempos, registrada agora no Hemisfério Norte.
Nesta semana, China e Estados Unidos relataram a descoberta de uma cepa altamente patológica do vírus H5N1. O Canadá já proibiu a importação de aves provenientes de 21 estados norte-americanos.
Assim, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos projeta que as exportações brasileiras de carne de frango devem crescer 9% em 2022. Mas, a Associação Brasileira de Proteína Animal prevê aumento de apenas 1% na produção em relação ao ano passado.